Em entrevista à Record, Bolsonaro detona Globo e faz alerta sobre manchas de óleo: ‘O pior ainda está por vir’

O presidente Jair Bolsonaro concedeu uma entrevista à TV Record neste domingo, quando falou sobre a matéria da rede Globo que o ligou ao caso Marielle, sobre as reformas que serão propostas esta semana, a situação de seu partido e a possibilidade de criar um novo partido, as manchas de óleo que surgiram no mar, e os seus filhos.

O presidente começou falando sobre o caso em que a rede Globo veiculou uma matéria ligando-o ao caso do assassinato da vereadora Marielle Franco, com base em um depoimento de um porteiro, cujo conteúdo era desmentido na própria reportagem. Perguntado se o caso estava encerrado, Bolsonaro disse que não. O presidente disse que o Advogado-Geral da União já solicitou ao Procurador-Geral da República que tome o depoimento do porteiro e dos servidores públicos envolvidos, como o delegado da Polícia Civil, para determinar as circunstâncias em que essas informações foram levantadas e repassadas à rede Globo. Bolsonaro disse: “Uma emissora de televisão como a Globo joga um balde de coisa suja em cima de mim, e fica por isso mesmo? Não. Primeiro a rede Globo tem que explicar quem é que vazou um processo que corria em segredo de Justiça”.

O presidente reafirmou que ficou sabendo sobre o caso através do governador Wilson Witzel, que lhe contou que o processo iria para o Supremo Tribunal Federal devido a uma citação a ele. Segundo Bolsonaro, ele ficou surpreso ao ser avisado, porque o governador não tinha que ter tido acesso ao processo em segredo de Justiça. O presidente disse que o governador vem utilizando a máquina pública para perseguir a ele e a sua família.

Bolsonaro também refutou as acusações de obstrução de Justiça, dizendo tratar-se de jornalismo sujo por parte da TV Globo, e lembrando que desafiou a emissora a conceder 15 minutos no Jornal Nacional para que ele fale ao vivo. Bolsonaro disse que seu filho Carlos foi à portaria, como qualquer condômino pode fazer, e filmou o sistema, reproduzindo as ligações que foram feitas.

Questionado se a rede Globo o procurou para comentar antes da veiculação da matéria, o presidente relatou que estava na Arábia Saudita, e havia lá uma representante da TV Globo, mas que em nenhum momento ele foi procurado. Bolsonaro disse: “Poderia ter um link ao vivo comigo, sem problema nenhum. Lamentavelmente, a Globo faz a matéria, diz que não é verdade, e para quê? Para dar margem para a pessoa pensar que eu sou um dos possíveis mandantes do assassinato da Marielle Franco”.

O presidente, então, falou sobre as reformas que serão mandadas para o Congresso nesta semana. Bolsonaro disse que a intenção é criar leis para deixar o Estado mais leve, mais enxuto. No caso dos funcionários públicos, Bolsonaro disse que, apesar das notícias falsas que vêm sendo veiculadas por setores da velha imprensa, a intenção é que não haja estabilidade apenas para os novos contratados, sem afetar os atuais servidores, e que, logicamente, algumas carreiras manterão a estabilidade.

Em relação às propostas de desvinculação de receitas, Bolsonaro disse que a intenção é transferir ao Congresso a responsabilidade pelo Orçamento. Segundo Bolsonaro, o parlamento poderá decidir a destinação dos recursos.

Questionado sobre a situação de seu partido, o PSL, Bolsonaro disse que tudo o que ocorre no partido é vinculado a ele pela imprensa, e o que ele pede é a transparência na gestão dos recursos. Bolsonaro disse que há 80% de chances de sair do partido e 90% de chances de criar um novo partido. Segundo o presidente, seu sonho é criar um partido agora, e tê-lo pronto até março do ano que vem.

Sobre as manchas de óleo que surgiram no mar e atingiram praias em todo o Nordeste, Bolsonaro disse que todos os indícios levam ao cargueiro grego investigado. Bolsonaro lembrou que, desde o surgimento das primeiras manchas no início de setembro, todos os órgãos envolvidos vêm trabalhando na limpeza das praias, e desde o início a hipótese foi de um vazamento criminoso. E alertou: “O pior ainda está por vir”, já que o óleo que chegou às praias é apenas uma fração da quantidade que foi derramada. Segundo o presidente, uma catástrofe muito maior ainda está por ocorrer.

Sobre o escândalo criado em torno de uma declaração de seu filho Eduardo Bolsonaro, o presidente lembrou que parlamentares têm imunidade para falar e expressar suas opiniões. Bolsonaro disse que “puxou a orelha” do filho, pois a declaração foi infeliz. O presidente disse que os filhos não atrapalham e, pelo contrário, têm ajudado muito.

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